Instrumentos da Bruxaria

               Os instrumentos usados nos rituais da Wicca têm a sua origem perdida no tempo. Eles são importantes focos de concentração e ferramentas para provocar alterações de consciência, mas é preciso que se saiba exatamente o seu significado para que sejam usados corretamente. Embora eles possam dar um toque de beleza e alegria aos rituais, uma verdadeira Bruxa jamais deve ficar dependente deles, porque a verdadeira Bruxa se faz com a mente e com o coração.

               Além desses, também são utilizados incensários, cristais, espadas, velas e outros símbolos. Use e abuse de sua criatividade quando for montar um altar. Lembre-se de homenagear os elementos, colocando incenso para o ar, água representar a ela mesma, enxofre para o fogo e um pouco de terra, ou o galho de uma árvore para o elemento Terra. Também utilize símbolos para os Deuses, como por exemplo uma concha para Afrodite e uma maçã para Dioniso. Seu altar é algo particular – assim, só você poderá decidir o que colocar nele. Também fazem parte da Wicca outros instrumentos como o Sino para abrir e fechar rituais, Castiçais e outros objetos opcionais. Muitos Covens tocam instrumentos musicais. Enfim, o melhor é usar a imaginação para criar seus rituais.

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Altar

 

               Sempre que possível, uma Bruxa deve ter seu Altar, que deverá ser seu ponto de ligação com os Deuses. Não precisa ser nada complicado ou luxuoso. Tradicionalmente, ele deve ficar voltado para o Norte. Uma vela preta é colocada a Oeste simbolizando a Deusa, e uma vela branca a Leste para o Deus (alguns Wiccanos as usam invertidas). No Altar deve estar o Cálice e o Athame, o Pentagrama, a Varinha e outros objetos utilizados nos rituais. Também é comum se colocarem símbolos para os Quatro Elementos, como uma pena para o Ar, uma planta para a Terra, uma vela vermelha ou enxofre para o Fogo, e, logicamente, Água para esse mesmo Elemento. Muitas pessoas colocam um símbolo para a Deusa e o Deus, como uma concha e um chifre, ou mesmo estátuas e gravuras dos Deuses. Abuse da sua criatividade, pois o Altar é o seu espaço pessoal, onde deve ser colocado todo o seu Amor. Se, por algum motivo, você não puder montar um Altar onde você mora, crie um espaço na sua imaginação, pois o verdadeiro Templo está dentro de você, ou vá para a Natureza e faça dela o mais lindo de todos os santuários.

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A Vassoura

 

                 A vassoura mágica, ao contrário das crenças populares, não é um instrumento em que a bruxa “monta e sai voando”. Nossos voos são apenas astrais. Seu cabo representa o Deus, e seus pelos, a Deusa. Ela é utilizada antes de rituais, onde a bruxa varre todo o local, sem tocar a vassoura no chão, “limpando” apenas as energias negativas do local. Esta é uma velha conhecida e amiga das Bruxas. Toda Bruxa que se preza tem uma Vassoura. Ela representa a União das Energias Universais. Os pelos e o cabo representam, respectivamente, os órgãos sexuais feminino e masculino. Havia um ritual muito antigo em que as Bruxas saíam “cavalgando” as vassouras pelos campos e dando grandes pulos, para que as plantas crescessem da altura de seus saltos. Talvez daí tenha vindo a crença de que podiam voar. Também havia certos unguentos e plantas alucinógenas que provocavam a Viagem Astral, o que poderia dar a impressão de estar voando.

               E se as Bruxas tivessem algum modo de anular a gravidade? Talvez nós consigamos resgatar esse conhecimento algum dia, mas não tente comprovar essa teoria, especialmente se você mora em apartamento. A Vassoura pode ser decorada com Símbolos Sagrados e ter a sua Assinatura Mágica. Antes do ritual, ela é usada para varrer o local onde ele será realizado, representando a limpeza espiritual de toda Energia Negativa.

                Esse varrer é mais do que uma limpeza física, na verdade não precisa nem encostar os pelos da vassoura no chão. O Wiccano pode apenas visualizar os excessos astrais que surgem onde as pessoas vivem. Ela também serve de ponte entre o espaço do círculo e o mundo exterior, isto é, ela pode ser colocada deitada num ponto, e, se alguém precisar sair, pode fazê-lo pulando a Vassoura sem quebrar o círculo, e procedendo da mesma forma ao voltar.

               É bom saber que crianças e animais podem entrar e sair do círculo sem quebrá-lo. Em algumas tradições, a Sacerdotisa cavalga a vassoura ao redor do Caldeirão. Isso pode ser muito engraçado, mas os Deuses da Wicca têm muito bom humor e não fulminam ninguém que dê algumas risadas durante o ritual. Em algumas cerimônias de Casamento, os noivos pulam a vassoura como símbolo de sorte e felicidade (em casamentos de escravos na América como também nas núpcias ciganas).

               Na Bruxaria Italiana, chamada Stregeria, Bruxas não voam em Vassouras, e sim, em bodes pretos. A vassoura já era sagrada desde a antiguidade, no México pré-colombiano uma espécie de deidade-bruxa, Tlazelteolt era representada nua voando em uma vassoura. Já os chineses cultuam uma deusa das vassouras que é invocada para trazer bom tempo em períodos de chuva. Provavelmente devido a seu formato fálico ela se tornou um poderoso instrumento contra pragas e praticantes de magia negra. A vassoura utilizada para magia, deve ser reservada para esse único fim.

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A Túnica

 

               Embora muitos “Covens” (reunião de 13 pessoas praticantes da wicca – em alguns casos mistos e em outros somente mulheres) prefiram trabalhar “vestidos de céu”, ou seja, completamente nus, existe a opção de se usar a Túnica, tradicionalmente negra. A cor negra isola as energias negativas, sendo ótima para ser usada quando se tem contato com grandes multidões ou pessoas negativas, pois impede que a sua energia seja “vampirizada”. A cor negra não tem nenhuma ligação com o Mal, como se costuma pensar erroneamente. Ela representa o Útero Universal, do qual nasceu toda a Luz, a escuridão da Terra onde germinam as sementes. Porém, não se deve usar somente a cor negra, pois precisamos da vibração de todas as cores.

               Trabalhar nus ou com Túnicas deve ser uma escolha do grupo. Deve-se ter o cuidado para que a nudez não atraia pessoas mal-intencionadas. A nudez deve ser um sinal de pureza, de libertação de nossos medos e tabus. Para tanto, é preciso ter um coração puro diante dos Deuses e dos nossos semelhantes, trabalhando muito bem com nossos corpos. É impossível se trabalhar inibida pela nudez, o que tornará o ritual totalmente improdutivo. Se esta for a situação, é melhor usar uma Túnica, mas, com o tempo, é preciso superar esses bloqueios, pois eles são frutos de uma moral Judaico-Cristã repressiva, sendo que a nudez deve ser encarada como algo natural.

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A Varinha

               A varinha é usada para traçar o círculo em um ritual (assim como o Athame), para dirigir encantamentos e para trabalhos de invocação. Ela deverá ser feita da madeira de sua árvore predileta – Você deverá cortar um delgado galho e deixar no lugar pedaços de unha, alguns fios de cabelo ou qualquer outra oferenda que ligue a árvore a você. A Varinha Mágica tem o mesmo simbolismo do Athame, embora segundo algumas tradições esteja mais ligada ao elemento Fogo. Tradicionalmente, ela deve ser feita de uma árvore sagrada como a Aveleira, o Carvalho ou a Macieira, embora qualquer árvore pode servir, desde que você tenha por ela alguma predileção ou ligação emocional. O galho da árvore deve ser cortado na Lua Crescente, e antes sempre se deve pedir a autorização da árvore. Depois de cortado o galho, deve-se deixar alguma oferenda em agradecimento. Ainda hoje, as Bruxas seguem esse procedimento, deixando mel e leite para as Fadas e Elementais, e um pouco de comida para os pássaros, grãos, pedras, cristais de quartzo, etc.

               A Varinha pode ser enfeitada com símbolos, fitas, cristais ou algum objeto pessoal. O bastão é um instrumento de invocação, a Deusa e o Deus podem ser chamados para assistir o ritual por meio de palavras e de um bastão erguido. Serve também para desenhar símbolos, círculo no solo, para indicar a direção do perigo se equilibrado na palma da mão ou no braço de um bruxo ou mesmo para mexer um preparo no caldeirão. Para alguns Wiccanos o bastão representa o elemento ar. O corte do bastão para alguns Wiccanos deve ser do tamanho do cotovelo até a extremidade do indicador. O tipo de madeira recomenda-se salgueiro, sabugueiro, carvalho, macieira, pessegueiro, avelã e cerejeira, porém deve-se pedir permissão para o corte e deixar uma oferenda após o corte, que nunca deve exceder 25% do tamanho da planta. Caso não encontre nenhuma das madeiras acima, o bastão pode ser de qualquer tipo de madeira e até comprado. Não se preocupe com a busca do bastão ideal, ele virá até você. Qualquer tipo de madeira será imbuído com energia e poder.

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O Caldeirão

 

               Instrumento feminino, simboliza o Útero Sagrado, onde todas as coisas são geradas. Quando um bruxo deseja que algo se transforme ou que germine, ele “põe essa coisa no caldeirão” (através de símbolos, imagens ou representações). Tradicionalmente, ele é negro e possui três pernas, que simbolizam os três aspectos da Grande Mãe: Virgem, Mãe e Anciã. Embora algumas tradições discordem, o Caldeirão é o instrumento mais importante e significativo para as Bruxas. Ele representa o Útero da Grande Mãe, ou seja, a origem do Universo e de toda a Vida. Dele viemos e para ele retornaremos eternamente. É no Caldeirão que as Bruxas preparam os feitiços, as poções e acendem o fogo para os rituais, quando não é possível acender uma fogueira ao ar livre. Nele se realiza a Grande Alquimia Universal. Em muitos feitiços ele pode conter água ou vinho energizado pela Luz da Lua. De preferência, ele deve ser de ferro, com três pés, representando os três aspectos da Deusa. Na falta de um caldeirão, uma panela ou tigela pode substituir, desde que não seja de material sintético, como teflon, plástico ou alumínio.

               Está ligado ao elemento Água. As lendas celtas acerca do caldeirão de Cerridwen tiveram grande impacto na wicca contemporânea. O caldeirão geralmente é o ponto central dos rituais. O caldeirão pode ser um instrumento de scrying (contemplação) ao ser cheio de água e ter seu fundo escuro observado. E também para preparar as famosas bebidas Wiccanas, mas tenha em mente que você vai precisar de um fogo forte e muita paciência para ferver líquidos em caldeirões grandes.

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O Punhal ou Athame

 

               Instrumento masculino que é utilizado na abertura de círculos, em rituais de invocação e expulsão e para traçar o pentagrama. Ele deve ter dupla face e um cabo preto, a fim de armazenar alguma energia. Tradicionalmente ele tem a forma de uma lua crescente; porém pela dificuldade de encontrar tal punhal, qualquer um poderá ser utilizado. Tradicionalmente, o punhal da Wicca é de lâmina dupla com cabo preto, sendo chamado Athame (pronuncia-se átame), uma palavra de origem incerta que significa “O que não morre”. Ele representa a energia masculina, sendo um símbolo fálico dentro do ritual. Ele é utilizado para abrir círculos, e, durante a Consagração, é introduzido no Cálice para simbolizar a União do Deus e da Deusa. Os ramos mais tradicionalistas substituem o Punhal pela Varinha Mágica, alegando que ele foi introduzido recentemente na Wicca, não fazendo parte dos instrumentos tradicionais.

               O mesmo se diz da Espada, pois ele é um instrumento de Magia Cerimonial, que nada tem a ver com a Bruxaria. Na falta de um Athame clássico, qualquer faca serve para o mesmo fim, desde que não tenha sido usada para tirar qualquer tipo de vida ou derramar sangue. Caso não queira usar o Punhal, abra o círculo com a Varinha, um Cristal, ou mesmo com o dedo, como se e faz na Wicca Irlandesa, conhecida como Witta.

               O Athame não é utilizado como instrumento de corte na Wicca, mas sim para direcionar a energia gerada durante os ritos e encantamentos. Raramente é utilizada para invocar ou chamar as deidades, pois é um instrumento de comando e manipulação de poder. Normalmente é cega, de fio duplo e com cabo preto ou escuro. O preto absorve poder. Alguns Wiccanos entalham símbolos mágicos em suas facas, normalmente tirados da Chave de Salomão, mas isso fica a seu critério. Como em muitos instrumentos de magia, a faca se torna poderosa com seu toque e sua utilização. É um instrumento que causa mudanças e assim associado ao elemento fogo.

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Faca de cabo branco

 

              Também chamada de Bolline – é uma faca prática, de trabalho, ao contrário da faca de cabo escuro que é puramente ritualística. É utilizada para cortar galhos, ervas, cordas, flores e plantas em geral.

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Cálice ou taça

 

               Outro instrumento feminino, também simboliza o Útero Divino. É utilizado para a consagração do vinho, e em rituais, junto ao punhal, para representar a sagrada união (quando o sacerdote ou sacerdotisa insere o Athame dentro do cálice com vinho). Associado ao mito do Santo Graal, o Cálice é usado para consagrar e beber o vinho dos rituais, tendo o mesmo simbolismo do caldeirão.

               Ele foi introduzido na Wicca em época mais recente. Em algumas tradições mais puristas é substituído por uma concha ou um chifre, onde se toma o vinho. Ele também pode ser substituído por uma taça, ou mesmo um copo, desde que não seja de material sintético. Da mesma forma que o Caldeirão, liga-se à Água.

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Bola de Cristal

 

               São extremamente populares hoje em dia, porém a maioria encontrada no mercado é feita de vidro temperado e não cristal. As de cristal além do custo relativamente alto, você pode perceber incrustações ou irregularidades. Nós Wiccanos utilizamos os cristais posicionados no altar, para representar a Deusa.

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Pentagrama

 

               O pentagrama representa os quatro elementos, terra, água, fogo e ar, sendo guiados pelo quinto elemento, o espírito (Éter). Sempre que possível, use-o perto de você, seja em forma de amuleto, joia ou qualquer outro. Embora muitos achem que o Pentagrama não pertença originalmente à Bruxaria, ele se tornou um de seus maiores símbolos. A Estrela de Cinco Pontas representa as quatro Energias Formadoras do nosso Planeta, isto é, Água, Fogo, Terra e Ar, mais o quinto Elemento, que é o Espírito. Usado com uma ponta para cima, ele é o símbolo da magia Benéfica, onde a Energia do Espírito controla as quatro Energias Formadoras da Matéria.

               Muitos Satanistas usam o Pentagrama com duas pontas para cima, significando o triunfo da Matéria sobre o Espírito, ou a vitória do Mal sobre o Bem. Deve-se lembrar que, originalmente, o Pentagrama com duas pontas para cima representava o Deus Cornífero, e o Útero da Grande Mãe por sua semelhança com um útero e duas trompas. Só depois do advento do Cristianismo ele foi desvirtuado como símbolo do Mal. Quase todas as Bruxas usam um Pentagrama no pescoço, como símbolo de sua religião, mas isso não é nenhuma obrigação.

Livro das Sombras

 

               Todo o bruxo deverá ter, uma espécie de “diário” onde registrará todos seus conhecimentos e descobertas no ramo da magia. Quando um bruxo falece, seu livro ou é entregue a familiares ou é guardado em seu coven ou é queimado, para guardar o Segredo da Arte.

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Incensário

 

               É um queimador de incenso. Você pode comprar seu incensário ou confeccioná-lo. O mesmo pode ser feito com material simples e barato. Pode ser feito com uma simples concha do mar, um taça, pote com areia ou sal até a metade, use sua criatividade e intuição para a confecção do seu incensário. A utilização de incensos em rituais e em magias é uma arte em si só e por si só.

Na magia cerimonial, às vezes pede-se a aparição de “espíritos” por meio da fumaça dos incensos. Mesmo não sendo uma característica da Wicca, por vezes pode-se ver o Deus e a Deusa no enrolar da fumaça. Rituais Wiccanos celebrados no interior de prédios não serão completas sem a utilização de incensos, já ao ar livre, uma fogueira pode substituí-los. Para alguns Wiccanos o incensário representa o elemento ar e pode-se ser posicionado no altar em frente às deidades (se houver).

O Coven

 

               Muitos se perguntam se é melhor ser uma Bruxa Solitária ou fazer parte de um Coven. Isso depende do temperamento de cada um. As duas coisas têm suas vantagens e problemas. Trabalhando sozinho, você tem liberdade e autonomia, sem depender da opinião do grupo. Por outro lado, dentro de um Coven, você pode encontrar amizades e pessoas com quem dividir suas ideias e dificuldades, pessoas mais experientes para lhe ensinar e muita alegria nos rituais.

               Cabe a você determinar sua forma de trabalho, pois a energia só flui num clima de muita alegria e descontração. O mais comum é encontrarmos pessoas que comemoram os Sabaths em grupo, mas mantêm um trabalho independente como Bruxo Solitário. Para se trabalhar num Coven é preciso que haja total afinidade entre os membros. Todas as opiniões devem ser ouvidas para que se chegue a um consenso.

               O Coven é formado por 13 pessoas, cada uma representando um mês do ano, pois, nas Sociedades Matrifocais, o ano segue o Calendário Lunar de 13 meses de 28 dias, mais um dia, no total 365 dias. Daí vem a expressão “Um Ano e um Dia”, pois, quando é iniciada, a pessoa estuda durante esse período para, depois, confirmar seus votos. Não é necessário que se tenha 13 pessoas no Coven, pois é melhor se trabalharem duas ou três pessoas afinadas do que uma multidão que não se entende.

               Um Coven problemático é uma grande dor-de-cabeça, e nenhuma energia positiva consegue fluir nessas condições. Ao atingir mais que 13 membros, algumas pessoas do Coven podem optar por formar seus próprios grupos interligados, dando origem ao que se chama de Clã. Dentro do Clã, todos os Covens mantêm a sua independência e trocam informações. Num Coven, todas as pessoas são iguais.

               Muitas vezes, usa-se expressões no feminino. Isso não deve ser visto como se o homem fosse menos importante para a Wicca. Deve haver um equilíbrio entre as energias masculina e feminina para que haja harmonia em nossas vidas. Os covens possuem graus hierárquicos, dependendo de coven para coven. Normalmente os membros são:

 

Alta Sacerdotisa: a líder feminina de um coven, normalmente de terceiro grau. Ela representa a Deusa em um ritual e dá a palavra final em um círculo.

 

Alto Sacerdote: o líder masculino de um coven, normalmente de terceiro grau. Representa o Deus em um ritual.

Anciã(o): um membro do coven que mereceu seu terceiro grau e que seja ou tenha sido uma Alta Sacerdotisa ou Sacerdote em seu próprio coven.

 

Terceiro grau: completa e total dedicação aos Deuses e à comunidade Wicca.

 

Segundo grau: completou seu primeiro grau e é qualificado para ensinar estudantes do primeiro grau. É o grau do verbo: “fazer”.

 

Primeiro grau: aquele que se dedicou a aprender a Arte. Esse é o grau do verbo: “saber”.

 

Dedicado: aquele que está aspirando o primeiro grau e decide se dedicar ao caminho da Wicca.

 

Neófito: uma pessoa interessada em Wicca, mas que ainda não sabe nada.

 

 

               Os covens devem escolher uma Alta Sacerdotisa e Sacerdote que sejam democráticos e bons, além de justos e sábios porque não importa o que os outros membros do coven falem é a Alta Sacerdotisa quem dá a palavra final, mesmo que essa seja contra todos os outros.

               Os rituais são feitos após o crepúsculo, seguindo a Roda do Ano. Caso se trate de um ritual para a realização de um Feitiço, é melhor seguir as tabelas de Horário Planetário, mas sem se prender demasiadamente a eles, pois nem sempre se pode fazer o Ritual no dia e hora mais propícios. O Coven pode fazer alguma visualização ou alguma atividade relacionada com o Sabá ou Feitiço a ser realizado. Logo após, a Sacerdotisa e o Sacerdote realizam a Consagração do Vinho.

 

Exemplo de um ritual em um coven para uma celebração:

 

A Sacerdotisa segura o Cálice com ambas as mãos e diz: Este é o Útero da Grande Mãe. Dele todas as coisas do Universo foram criadas. Então, o Sacerdote segura o Athame com as duas mãos e introduz a ponta no Cálice, tocando levemente o vinho, enquanto diz: Este é o Falo Divino. Este é o Poder da Fertilidade. A Sacerdotisa diz: A União da Deusa e do Deus foi feita. Toda a vida foi criada. Abençoado seja o Amor dos Deuses. Todo o Coven responde: Abençoado seja. O Sacerdote retira o Athame do Cálice, beija a lâmina e recoloca no Altar. A Sacerdotisa derrama um pouco de vinho no Caldeirão (ou no chão, se o ritual for ao ar livre). Isto é chamado Libação, e representa uma oferenda aos Deuses.

               Depois, ela bebe um gole de vinho, dá o Cálice ao Sacerdote, que, após beber, passa aos outros membros do Coven. O último a beber devolve o Cálice à Sacerdotisa, que deve recolocá-lo no Altar. As funções do Sacerdote e da Sacerdotisa podem mudar durante a Consagração, mas, nesse caso, se o Sacerdote segura o Cálice, ele deve se ajoelhar diante da Sacerdotisa. Todos os membros devem beber vinho e comer um pedaço de pão, quando o ritual exigir que ele seja compartilhado. Nesse caso, o primeiro pedaço também deve ser jogado no caldeirão como oferenda. Depois da Consagração, os membros podem queimar suas oferendas e pedidos no Caldeirão.

               Nessa hora, todos devem dar as mãos e girar ao redor do fogo, para criar o Cone do Poder. Esse é o nome da Grande Massa de energia criada durante o Ritual. Ela circula pelos corpos energéticos de todos os membros do Coven e se junta num ponto acima do Círculo. Essa concentração de energia recebeu esse nome porque os videntes dizem enxergá-la em forma de cone, de onde vieram as representações de Bruxas e Magos usando chapéus pontudos. Muitos dizem que essa forma auxilia a captação de poder, como acontece nas pirâmides.

               Se você quiser testar é só fazer uns chapéus em forma de cone para o seu grupo. Se não ajudar em nada, pelo menos é bem divertido. Cabe à sacerdotisa perceber quando o nível de energia atingiu um nível satisfatório. Então, ela ergue os braços e todos imitam o seu movimento, lançando o Cone em direção ao Universo, para que seus objetivos sejam realizados.

               Depois de enviado o Cone, todos devem entrar numa fase de relaxamento, onde se pode dançar, ler poesias ou simplesmente partir para os Bolos e Vinho. Esse compartilhar de alimentos é uma das partes mais importantes do Ritual, pois é através da sua Alegria que você faz a verdadeira Comunhão com os Deuses. O Ritual não deve ter muitas formas rígidas. Cada um deve criar a sua própria forma de chamar os Deuses. Não se desespere caso você gagueje ou esqueça aquele belo ritual decorado. Dê umas boas risadas e vá em frente.

               Se você não tem senso de humor, esqueça a Wicca, pois você nunca será uma Bruxa. Isto não quer dizer que você possa entrar no Círculo para fazer palhaçadas, sem nenhum respeito aos Deuses. A Bruxaria tem seus momentos de descontração e seriedade. Cabe a você saber diferenciar as situações. Quando o grupo decidir terminar o Ritual, as pessoas que evocaram os Deuses devem agradecê-los e se despedir. A mesma pessoa que traçou o círculo deve destrança-lo, fazendo o traçado no sentido oposto, e também deve se despedir de todas as entidades que foram convidadas e agradecer sua ajuda, dizendo:

 

               Pelo Amor do Deus e da Deusa, pelos Guardiões dos Quatro Quadrantes, eu destraço este Círculo Sagrado. Ele está Aberto, mas não Quebrado. Que ele seja enviado ao Universo. Feliz encontro, feliz partida, feliz encontro novamente. Que assim seja, para o Bem de Todos.

 

               É muito importante a criatividade nos Rituais. Eles não devem ser interrompidos, e, salvo em caso de necessidade, nenhum membro deve sair do Círculo até o final. Se isso tiver que ser feito, deve-se pular a Vassoura para não quebrá-lo, pois, se isso ocorrer, todo o Ritual de Abertura terá que ser feito novamente. Quem tiver algum problema de Saúde não deve participar dos Rituais. Se alguma pessoa se sentir mal, deve sair imediatamente do Círculo. Grávidas, pessoas idosas ou muito jovens devem ter cuidados especiais.

               Pode-se iniciar as pessoas no Coven a partir dos 13 anos, ou, no caso das meninas, após a primeira menstruação. Não é comum crianças pequenas nos Rituais, mas elas podem participar de alguns Rituais em família. Para os que têm filhos, é aconselhável que se criem Rituais leves para que as crianças conheçam os Deuses e desenvolvam seu Amor pela Natureza. Um exemplo seria criar um Ritual simples para que as crianças consagrassem um jardim ou pedissem aos Deuses proteção para seus bichinhos de estimação.

               A Bruxa Solitária deve seguir os mesmos passos dados acima, com a diferença de que ela mesma consagrará o Vinho e dançará em volta do Caldeirão para formar o Cone do Poder. Não se preocupe, pois você, desde que tenha a necessária concentração, poderá formar um Cone do Poder tão bom quanto um grupo de várias pessoas, especialmente se elas não estiverem em sintonia. Se a pessoa estiver sendo iniciada num Coven, ela deve ser trazida para dentro do Círculo e iniciada pela Sacerdotisa ou Sacerdote. Fará os votos e prometerá nunca revelar os nomes mágicos de seus companheiros do Coven. Em muitos Covens, a pessoa é apresentada aos Quatro Quadrantes, enquanto a Sacerdotisa desenha com o dedo um Pentagrama em sua testa e em seu coração. Então, a pessoa revela seu Nome Mágico para o Coven e recebe seu Athame, seu Pentagrama e outros símbolos do Coven.

               Cada grupo deve criar seu próprio Ritual de Iniciação, mas procurando evitar coisas como vendar os olhos, amarrar ou encostar o Punhal no peito das pessoas, pois isso é bastante desagradável. O Ritual de Iniciação é uma ocasião festiva e não um trote de faculdade. Depois de Iniciada, a pessoa passará por um período de Um Ano e Um Dia de estudos para depois confirmar seus votos. Se, em algum momento, ela decidir deixar o Coven, poderá fazê-lo sem sofrer pressões, ameaças ou maldições.

               O Coven não poderá fazer com que ninguém jure coisas absurdas nem interferir na vida particular de seus membros. Isto não cabe dentro da Wicca, e só pessoas desequilibradas agem dessa forma. Todas as pendências devem ser resolvidas durante os Esbaths, de maneira amigável, e nunca durante os Rituais. Toda Bruxa deve ter a sua vida solitária fora do Coven, sendo que este não deve se responsabilizar ou intrometer nessas atividades. O Coven não pode exigir dinheiro para que as pessoas sejam iniciadas ou assistam aos rituais, mas é lícito que os membros contribuam para a manutenção do grupo e cobrem por serviços como cursos, palestras, atendimento através de oráculos, etc., visto que o grupo sempre precisará de fundos para se manter, funcionando como uma cooperativa.