O ser humano, desde sempre, tem a necessidade de acreditar em uma força maior que dê sentido à sua vida. Na história da humanidade, encontramos na figura dos Curandeiros, Xamãs, Magos e Feiticeiros uma pessoa que busca entender o significado real da Vida. Através da observação da Natureza ao seu redor, essas pessoas conseguiram sintetizar seus conhecimentos através de diversos símbolos que eram (e ainda são) utilizados para captar as energias, seja como uma forma de proteção, seja na forma de busca de poder.
Talvez pela sua relação com o próprio Universo que nos cerca, os símbolos baseados nas Estrelas sempre proporcionaram um certo fascínio no ser humano. Assim como a luz rompe a escuridão, a estrela simboliza a Verdade, o Espírito e a Esperança. Tanto que vemos referências tanto na linha da Magia com Aleister Crowley que disse “Cada homem e cada mulher é uma estrela”, quanto aos estudos da psicologia onde Carl Jung afirma “Sou uma estrela que vai contigo em brilhos para fora das profundezas”. Alguns dos símbolos em forma de estrela mais comuns são:
Hexagrama
Símbolo de interação Divino X Mortal, está diretamente relacionado à Cabala. Simbolizando também o Macrocosmo, representado por Deus, o Universo ou Energias Sutis, e o Microcosmo, representado pelo ser humano, a Terra ou Energias Evidentes. Conhecida também como Estrela Judaica de Davi.
Septagrama
A estrela de sete pontas está ligada diretamente ao místico, com o número sete. Associado diretamente aos planetas da astrologia clássica, aos sete Chakras, às sete cores do arco íris, sete dias da semana, etc.
Octagrama
A estrela de oito pontas é um símbolo de plenitude, abundância e regeneração, e é ligado a sistemas de oito pontas tal como trigramas do I Ching, a roda pagã do ano, etc.
Nonagrama
A estrela de nove pontas é o símbolo da realização e da estabilidade. Relacionado ao número nove.
Pentagrama
Porém o símbolo relacionado à estrela que teve maior destaque por sua perfeição, é o Pentagrama. Símbolo de proteção e equilíbrio traz em si a harmonia do ser humano com a própria Natureza.
Suas cinco pontas representam respectivamente o Akasha, também conhecido como Espírito, o elemento Ar, o elemento Fogo, o elemento Terra e o elemento Água. Eliphas Levi, em seu livro chamado Dogma e Ritual da Alta Magia chamou esse símbolo de Laço Infinito, utilizado desde a época medieval como proteção para portas e janelas. Podemos encontrar vários pentagramas localizados em capelas e santuários na França, já que os pedreiros ligados à Ordem dos Templários estavam intimamente ligados à simbologia do pentagrama e a proporção áurea dourada, e o incorporavam a todos os seus projetos. A fortuna conquistada ao longo dos anos pela Ordem, despertou a avareza da Igreja e de Luiz IX, que era um religioso fanático. Essa avareza acabou por acarretar a destruição da Ordem em 1.303, dando início aos tempos negros da Inquisição, das torturas e falsos testemunhos, o que permitiu que a peste negra se espalhasse por toda Europa.
A época da inquisição foi um período considerado negro para toda a Europa. Com a desculpa de eliminar os hereges, a Igreja se uniu a políticos por interesses meramente financeiros, com o intuito de apropriar a imensa fortuna acumulada tanto pelos Templários quanto por senhores de terras com recursos. Essa perseguição tem seus efeitos até os dias de hoje, pois não se limitaram só ao financeiro. Parteiras, pessoas que cultivavam ervas diversas, que tinham conhecimentos vastos, inclusive da própria Natureza, foram caçadas e mortas como uma forma de fortificar a própria Igreja. Até mesmo o Pentagrama teve sua parcela de perseguição pois, como símbolo de poder (até mesmo nos dias de hoje) foi considerado pela Igreja como a representação de Baphomet. O assassinato se tornou lugar comum entre várias classes sociais. As curas, mortes e mistérios fizeram a atenção dos inquisidores se voltar com exclusividade para as bruxas pagãs e para os sábios que detinham o poder de uso das drogas e venenos.
Cernunnos, o Deus das Bruxas tem esse nome por possuir chifres e foi associado ao Pentagrama invertido como uma forma que a Igreja encontrou para perseguir e difamar tanto uma crença antiga, como um símbolo de proteção. Isso obrigou aqueles que buscavam por conhecimento a estudarem de forma clandestina, escondendo até mesmo em objetos caseiros ou de sua profissão, e passando o conhecimento verbalmente para a nova geração. Ao encerrar esse período negro da história que foi a inquisição, surgiram diversas sociedades, inclusive algumas secretas (que existem até hoje), que se prontificaram a passar adiante o conhecimento a um número maior de pessoas que buscavam o conhecimento. Surgiu assim o Hermetismo, que é uma ciência doutrinária ligada diretamente ao agnosticismo, ou seja, a uma doutrina que admite uma de realidade que é impossível de se conhecer realmente.
O Hermetismo teve sua origem no Egito, através do Deus Thot, conhecido pelos gregos como Hermes Trismegisto. Com a junção de elementos da cultura oriental e dos ensinamentos de antigos Mestres como Platão, houve uma mescla da filosofia e da alquimia, trazendo à tona os símbolos outrora perdidos. Com o advento do Renascimento, houve um avanço no desenvolvimento, e um novo conceito ressurgiu juntamente com estudos como a Cabala que tem em sua base os números. O Pentagrama veio como representante do Microcosmo que é o homem, e que foi imortalizado pela imagem criada por Leonardo da Vinci com o símbolo do Homem Pitagórico, com a figura humana com os braços e pernas abertos.
Esse mesmo símbolo representava (como ainda hoje representa) também o Macrocosmo, ou como também é conhecido, como o Homem Universal. Essa simbologia foi imortalizada e se tornou conhecida principalmente nos meios herméticos, quando de sua representação na Tábua de Esmeralda, ou Tábua Esmeraldina, onde tem a frase “O que está em cima é como o que está em baixo” gravado em uma das faces de uma esmeralda. Essa frase fez com que escolas e filosofias de diversas origens passassem tanto a estudar como a escrever livros diversos em uma busca de realmente entender seu significado. Esse conhecimento divulgado foi o momento em que o Pentagrama deixou de ser simplesmente um símbolo de conhecimento e passou a ser uma verdadeira referência para os Magos de diversas ordens buscarem o poder.
Depois de tanto tempo, onde o Pentagrama quase foi levado ao esquecimento, surgiu em meados do século XX um famoso Mago chamado Alphonse Louis Constant, conhecido por Eliphas Levi, que trouxe um novo entendimento e uma nova abordagem para o próprio Pentagrama. Através de seus conceitos, onde ilustrou o Pentagrama de forma invertida, recriou a figura de Baphomet como uma figura panteísta. Ele foi ainda aquele que, como um dos maiores divulgadores da Cabala, abriu o caminho para diversas ordens e sociedades herméticas. Seus conceitos impulsionaram a criação Ordem Temporale Orientalis conhecida como OTO, a Ordem Hermética do Amanhecer Dourado, conhecida como Golden Dawn, a Sociedade Teosófica, os Rosacruzes, entre tantas outras, inclusive as atuais Lojas e tradições da Maçonaria.
Diversos símbolos, antes esquecidos, tiveram um renascimento através do Tarô criado por Eliphas Levi. O Tetragrammaton criado por ele também encontrou seu lugar, já que é a representação do Pentagrama com inscrições cabalísticas reforçando a ideia do Espírito dominando os Elementos. Até hoje é utilizado em rituais de Magia para invocações diversas como por exemplo dos Elementais. Das ordens criadas com base em seus escritos, não posso deixar de falar de um outro Mago que foi de importância vital para a divulgação da Cabala Hermética, pela Golden Dawn: Aleister Crowley. Existem diversos de seus escritos disponibilizados em arquivos na internet que trazem um enorme acréscimo a quem busca o conhecimento. Outra figura histórica que foi importante para a divulgação do Pentagrama foi Gerald Gardner que, em 1953, criou o conceito de Wicca, com a Tradição Gardneriana tendo o Pentagrama como parte de sua cultura. A partir de 1960 foram lançados livros dando ênfase na Bruxaria, o que fez com que o neo-paganismo desse um avanço significativo, o que acabou por preocupar a Igreja novamente.
A imagem do Pentagrama invertido também teve um importante significado para Anton La Vay quando criou a Igreja de Satanás, com cultos satânicos como parte de seus rituais. Mesmo sem conhecer os preceitos básicos da Igreja de Satanás, a imediata reação da Igreja foi considerar novamente o símbolo do Pentagrama, invertido ou não, como símbolo do Diabo. Mas mesmo com tudo isso, a simbologia do Pentagrama continuou e ainda continua firme, mesmo que associado a conceitos diversos dentro da Magia. Sua utilização vem sendo, principalmente, como símbolo que indica tanto a proteção como o ocultismo e a perfeição. E independente do curso que teve a história e de seus altos e baixos, o Pentagrama seguiu firme durante todo o tempo, mantendo sempre seu significado e seu simbolismo. Hoje o Pentagrama tem seu significado bem definido, principalmente por ser representado por uma estrela cercada pelo círculo da Lua Cheia, onde cada uma das pontas tem um significado específico:
Em sua totalidade representa a dominação do Espírito, Éter ou Akasha sobre os elementos Ar, Fogo, Terra, Água cercado pela Lua Cheia. Possui utilização em diversos trabalhos relacionados à Magia, que vai desde proteção até um Ritual. Relacionado ainda aos Chakras e às Cores, para começar a trabalhar com o Pentagrama deve-se aprender algumas técnicas que servem para exercitar a mente e a concentração para um trabalho mais eficaz. Assim sendo, começo os estudos passando algumas técnicas de respiração, de visualização e concentração bem como alguns exercícios.